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segunda-feira, 25 de julho de 2016
O ponto de vista e a vista do ponto...
Eu traço em torno de mim círculos e santas fronteiras: cada vez são menos os que sobem comigo por montanhas mais elevadas; eu levanto uma cadeia de montes cada vez mais santos.
Mas onde quer que desejeis subir comigo, meus irmãos, olhai que não haja parasitas que subam convosco!
Um parasita é um verme rasteiro e insinuante que quer engordar com todas as vossas intimidades enfermas e feridas.
É esta a sua arte; adivinhar onde estão, fatigadas, as almas que sobem. Na vossa aflição, no vosso descontentamento, no vosso frágil pudor constrói o seu repugnante ninho.
Onde o forte é débil, onde o nobre é demasiado indulgente, é ali que constrói o seu repugnante ninho; o parasita habita onde o grande tem recantos doentes.
Qual é espécie de seres mais elevada, e qual a mais baixa? O parasita é a espécie mais baixa, mas o da espécie mais alta é o que alimenta mais parasitas.
Como não há de a alma, que tem a escala mais vasta, descer mais baixo, transportar sobre si o maior número de parasitas?
A alma mais vasta que pode correr, extraviar-se e errar mais longe em si mesma; a mais necessária, que por prazer se precipita no azar. A alma que é e se submerge na corrente do há de ser; a alma que possui e quer o querer e o desejo.
A alma que foge de si mesma, e que se alcança a si mesma no mais amplo círculo; a alma, mais sensata a quem a loucura convida mais docemente. A alma que ama mais a si mesma, na qual todas as coisas têm a sua ascensão e a sua descensão, o seu fluxo e o seu refluxo…
Ó! como não havia a alma mais alta de ter os piores parasitas?
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quarta-feira, 30 de março de 2016
segunda-feira, 28 de março de 2016
Ildo Lobo e Cabo Verde
Nem sempre encontramos pessoas dispostas a reconhecer beleza nas coisas simples. Desde que descobri a música cabo-verdense, de algum tempo para cá, decidi mergulhar um pouco na produção musical desse pequeno país africano. Sempre tive encantamento por coisas simples se posso ver nelas a dimensão do espírito que por elas fala. Ildo Lobo é sem dúvidas um desses compositores populares que têm a medida de sua própria cultura e a expressa nos limites e nos termos que a linguagem musical do seu país lhe permite. A beleza dessa composição, para além do instrumental que em nada move o ouvinte à revolta, ao ódio, nos emociona e engrandece a realidade de um povo que poderia passar despercebida a muitos, se o registro sensível da questão agrária de Cabo Verde não nos fosse revelada por composições assim. Estamos distantes da África, mas há muitos elementos a nos aproximar daquela realidade, principalmente se relacionados ao nordeste brasileiro. Em O quinze, Rachel de Queiroz nos apresenta a dura realidade da seca do Ceará, mas não encontramos nenhuma denúncia política, nem a menor queixa ao Criador por aquela condição de miséria e de fome. Em Elomar, também encontramos o tema da seca em músicas que em alguns termos também se assemelham a esta do grupo Os Tubarões no quesito Letra, como Arrumação e A pergunta. Ambos compositores revelam certa sensibilidade para introduzir os motes sobre a seca, sempre nos convidando a participar da construção de uma resposta que, a priori, não precisa ser respondida. A situação de Joaozinho Cabral, que tem a sua esposa presa por não conseguir pagar as dívidas contraídas com o plantio das terras no sistema agrário de morgadio, mostra o quanto os problemas do país tocam o autor e de como esta expressão pela música busca encontrar interlocutores para a sua voz de lamento.
Djonsinho Cabral
Pergunta Nha Juana, ki staba la
Pergunta Nho Flipi, k'é tistimunha
Pergunta Nho Antoni, ki sina'm papel
Nha genti es anu, N pasa mal tamanhu
N simia nha midju, N simia nha fidjon
N po bongolon1, N po sapatinha
Txuba ka ben, nada ka da
Padja ka ten, pa limarias kumi
Pa Nhu Morgadu ka toma nu tchon
N fla mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Pa Nhu Morgadu ka toma nu tchon
N fla mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Oi mamãi, oi mamãi, oi mamãi
Pamo' mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Oi mamãi, oi mamãi, oi mamãi
Pamo' mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Djonzinhu Kabral ben la di Txada Fazenda
Djonzinhu Kabral pari matxu, pari femia
Pari ouru, pari prata,
Pamodi Maria, N ta bendi boi N ta paga
Maria di Djonzinhu, es po'l na kadia
Es po'l na kadia pamodi ê krebra vidru
Oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi
Pamodi Maria, N ta bendi boi, N ta paga
Pamodi Maria, N ta bendi boi, N ta paga
Pamodi Maria, N ta bendi boi, N ta paga
Pamodi Maria, N ta bendi boi, N ta paga
Pamodi Maria, N ta bendi boi, N ta paga
Pa Nhu Morgadu ka toma nu txon
N fla mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Pa Nhu Morgadu ka toma nu txon
N fla mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Oi mamãi, oi mamãi, oi mamãi
Pamo' mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Oi mamãi, oi mamãi, oi mamãi
Pamo' mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Pa Nhu Morgado ka toma nu txon
N fla mamãi, N ta bendi boi N ta paga
pa Nhu Morgadu ka toma nu txon
N fla mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Oi mamãi, oi mamãi, oi mamãi
Pamo' mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Oi mamãi, oi mamãi, oi mamãi
Pamo' mamãi, N ta bendi boi N ta paga
Joãozinho Cabral (Djonsinho Cabral)
Perguntem ao Senhor Filipe, que é testemunha
Perguntem ao Senhor António, que me assinou os papéis 1
Minhas gentes este ano correu-me muito mal
Semeei o meu milho, semeei o meu feijão
Pus mongolão2, pus sapatinha2As chuvas não vieram, nada deu
Já não temos palha para os animais comerem
Para o Senhor Morgado não tomar a nossa terra 3
Eu disse à mamã, eu vendo o boi para pagar 4Para o Senhor Morgado não tomar a nossa terra
Eu disse à mamã, eu vendo o boi para pagar
Oi mamã, oi mamã, oi mamã
por isso, mamã, eu vendo o boi para pagar
Oi mamã, oi mamã, oi mamã
Por isso, mamã, eu vendo o boi para pagar
Joãozinho Cabral veio de Achada Fazenda 5
Joãozinho Cabral criou filhos 6Criou muitas riquezas, 7
Por isso Maria, eu vendo o boi para pagar
Maria de Joãozinho, foi para a cadeia
Foi para a cadeia porque comportou-se mal 8Oi, oi, oi, oi, oi, oi, oi
Por isso Maria, eu vendo o boi para pagar 9
Por isso Maria, eu vendo o boi para pagar
Por isso Maria, eu vendo o boi para pagar
Por isso Maria, eu vendo o boi para pagar
Por isso Maria, eu vendo o boi para pagar
Para o Senhor Morgado não tomar a nossa terra
Eu disse à mamã, eu vendo o boi para pagarPara o Senhor Morgado não tomar a nossa terra
Eu disse à mamã, eu vendo o boi para pagar
Oi mamã, oi mamã, oi mamã
Por isso, mamã, eu vendo o boi para pagar
Oi mamã, oi mamã, oi mamã
Por isso, mamã, eu vendo o boi para pagar
Para o Senhor Morgado não tomar a nossa terra
Eu disse à mamã, eu vendo o boi para pagarPara o Senhor Morgado não tomar a nossa terra
Eu disse à mamã, eu vendo o boi para pagar
Oi mamã, oi mamã, oi mamã
Por isso, mamã, eu vendo o boi para pagar
Oi mamã, oi mamã, oi mamã
Por isso, mamã, eu vendo o boi para pagar
· 1. Provavelmente Joãozinho Cabral era um camponês analfabeto e o Sr. António assinou por ele o empréstimo ou contrato.
· 3. No período colonial, o sistema agrário de morgadio tornava os agricultores dependentes do dono da terra, o morgado, ao qual tinham que pagar uma renda, mesmo que não tivessem produção suficiente devido às secas recorrentes em Cabo Verde.
· 4. Para pagar as dívidas ou a renda ao morgado; o boi, que ajudava na lavoura, era o último e valioso recurso do agricultor.
· 5. Achada Fazenda é o nome de uma localidade.
· 6. Literalmente
pariu machos e pariu fémeas, ou seja originou o seu nascimento.
pariu machos e pariu fémeas, ou seja originou o seu nascimento.
· 7. Literalmente
pariu ouro e pariu prata, ou seja originou riquezas.
pariu ouro e pariu prata, ou seja originou riquezas.
· 8. Literalmente quebrou vidros.
· 9. Aparentemente, para além das dívidas ao morgado, Joãozinho tem que pagar para livrar a sua mulher Maria da prisão.
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