quarta-feira, 19 de novembro de 2008
EM FRONTISPÍCIO
"Eu vos compensarei pelos anos que
O gafanhoto comeu..."
(Joel, 2:5)
O Senhor prometera nos compensar os anos
que a legião de gafanhotos devorara,
meu coração, mas a promessa era tão rara
que achei mais natural vê-Lo mudar de planos
que afinal ocupar-Se de assuntos tão mundanos.
Assombra-me, portanto, ver uma luz tão clara
Fecundar-me as cantigas, coração meu – repara
como crescem espigas entre os escombros humanos...
Naturalmente, quem sou eu para que Deus
cumprisse em minha vida promessa tão perfeita,
e no entanto ei-Lo arando, limpando os olhos meus,
fazendo-os ver que, no trigal em que se deita
a luz dourada e musical, se algo perdeu-se
foi como o grão – entre a seara e a colheita.
Bruno Tolentino: A imitação do amanhecer
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